Na sexta feira, 04 de maio, tivemos a oportunidade de visitar a fundação. Durante a tarde dessa quente sexta-feira, passamos algumas horas observando ao vivo os pontos principais desta engenhosa obra de Siza.
Externamente, alguns pontos são muito importantes. O que se vê destacadamente são as tensões existentes. Esse jogo entre cheios e vazios, avanços e vãos. Um gigante branco pousado às margens do Guaíba possuindo detalhes tão instáveis para um simples bloco de concreto. Vê-se a geniosidade do Lusitano vencedor de um Pritzker em ação. Os braços são perfeitamente alinhados, mesmo que um leigo observador não consiga observar esse detalhe. Antes mesmo de entrar no prédio, já se tem a sensação de estar em um local erguido com maestria e genialidade. De dentro do átrio externo (estando "abraçado" pelos braços da construção), consegue-se ver o céu e o sol desta calorosa tarde. Um baita ambiente para uma baita obra.
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"Jogo de cheios e vazios" |
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Um dos vãos presentes em grande quantidade na obra |
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O alinhamento perfeito entre os braços |
Entrando no prédio, somos recepcionados pelo grande átrio interno da estrutura. Percebe-se imediatamente que a obra é toda composta por vãos. Outros pontos notáveis são duas preocupações que Siza teve ao projetar a obra: os detalhes e a iluminação. Primeiramente, falemos do detalhamento interno. É impossível não notar a necessidade do autor em fazer uma obra perfeita. Chegando ao ponto de projetar, até mesmo, a decoração interna. Desde os encaixes entre peças, corrimões na medida exata, até placas, cadeiras a lixeiras. Tudo exatamente na medida. Tudo no estilo de Siza. Já no quesito iluminação, esse é outro ponto brilhante da obra (literalmente). A iluminação poderia ser toda natural. Através de aberturas zenitais muito bem feitas, claraboias e grande janelas localizadas nos pontos certos de incidência solar, a estrutura interna consegue ficar muito bem iluminada sem o auxílio da energia elétrica. Acontece que houve uma discussão entre os arquitetos responsáveis e os museólogos do local. A iluminação solar prejudicaria as obras. Sendo assim, parte das aberturas foram substituídas por fontes de iluminação artificial.
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o grande átrio |
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cadeira assinada por Siza |
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corrimão feito pelo arquiteto, ao lado de um pequeno vão. |
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lixeira, também projetada pelo arquiteto do prédio |
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Inclusive as placas são elaboradas pelo lusitano. |
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exemplo da forte iluminação natural em um dos corredores. |
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Entrada zenital de luz |
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Originalmente, seria uma claraboia. Foi, porém, substituída por lâmpadas. |
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Outro vão que é usado como entrada de luz. |
Por último, outro ponto notável durante a visita foi a precisão da obra. Os andares com grandes aberturas, intermediados pelos corredores-rampas. Realmente, o passeio pela Fundação Iberê Camargo deve ser feito por qualquer pessoa que gosta de transitar por um ambiente bem feito. Um local agradabilíssimo. Os cheios impactam, os vazios impressionam. A visão geral do prédio é limpa. A vista é linda.
OBS: as fotos usadas neste post foram cedidas pela colega Camille Piazza. Se algum outro blog as utilizou, foi fruto da mesma fonte.